Preço sobe em ritmo menor, mas alugar imóvel ainda é mais vantajoso que comprar

Preço sobe em ritmo menor, mas alugar imóvel ainda é mais vantajoso que comprar

Especialista alerta, porém, que adquirir casa compensa se grana ficar parada no banco
Quem investiu R$ 100 mil na compra de um imóvel viu que ele passou a valer, em média, pouco mais de R$ 106,2 milItaci Batista/ Estadão Conteúdo
O que é mais vantajoso: comprar ou alugar um imóvel? Os economistas costumam dizer que, se você tiver um bom dinheiro guardado para dar como entrada, a compra da casa própria é sempre a melhor opção. Afinal, você sempre gastará algum dinheiro com moradia. 
Mas o cenário econômico em 2015 está colocando essa máxima em xeque. Como o preço dos imóveis está subindo em ritmo menor e abaixo da inflação, e como a alta dos juros encareceu o acesso ao crédito, alugar um imóvel pode agora ser mais vantajoso.
O aluguel ainda é atraente para os consumidores pois, para comprar uma casa, é preciso pagar uma parcela considerável do total negociado e, na maioria das vezes, financiar o restante com juros, explica o economista Bruno Oliva, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
— Do ponto de vista econômico, o aluguel é melhor porque esse dinheiro pago à vista, na hora da compra, poderia ser colocado no banco em alguma aplicação rentável. Como os imóveis estão se valorizando menos do que a inflação, eles são menos rentáveis agora. 
Para comprovar a tese, o economista cita o último índice FipeZap, que mostrou uma alta média de 6,29% no valor dos imóveis em 12 meses. Esse crescimento foi menor do que a inflação oficial, que fechou o ano passado em 6,41%. 
Assim, uma pessoa que investiu R$ 100 mil na compra de um imóvel viu que seu imóvel passou a valer, em média, pouco mais de R$ 106,2 mil nos últimos 12 meses. Se ele tivesse aplicado esse dinheiro em um Fundo de DI, teria guardado aproximadamente R$ 111 mil — ou seja, R$ 4.800 a mais.
O aluguel fica ainda mais atraente ao se analisar o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), indicador usado para reajustar a maioria dos contratos de aluguel. Esse índice acumulou alta de 3,69%, atingindo a menor taxa desde 2009
Assim, quem mora num imóvel de outra pessoa viu a parcela do aluguel subir menos do que a inflação no último ano. Um aluguel de R$ 1.000 que venceu em janeiro, por exemplo, teve reajuste de modestos R$ 36,90.
Flavio Figueiredo, engenheiro civil e diretor da empresa Figueiredo & Associados, lembra que a compra requer gastos extras com decoração e personalização, escritura e comissão da corretagem.
— Todos esses gastos com decoração e burocracia são muito pesados pensando num cenário de curto prazo. Para decidir se deve ou não comprar, o interessado deve levar em conta fatores pessoais, além dos econômicos. 
Vantagem da compra
O especialista da Figueiredo & Associados discorda, porém, quando fala sobre as vantagens do aluguel. Para ele, muitas pessoas se enganam ao usar os rendimentos de uma aplicação para pagar o aluguel e deixam de lado a compra da casa própria.  Para não cometer esse erro, ele sugere uma análise de longo prazo. 
— Conheço pessoas que se arrependeram após aplicar um montante considerável em investimentos conservadores em vez de comprar uma casa. Se você colocar R$ 500 mil numa aplicação conservadora, sabe que esse dinheiro é suficiente para comprar uma casa hoje. 
Daqui a dez anos, porém, o mesmo montante pode não ser suficiente para adquirir um imóvel, diz.
— Isso acontece, por exemplo, quando os rendimentos que fariam o investimento crescer são gastos com aluguel e não incorporados no total aplicado. Só vale a pena aplicar se a pessoa tem um perfil de investidor mais agressivo e acompanha o mercado.
Mercado
Oliva explica que, nos últimos dez anos, o valor dos imóveis aumentou muito porque o mercado de trabalho estava aquecido, fato que elevou a renda da população. Também houve uma liberação maior de crédito, com contratos de financiamentos imobiliários passando de 20 para 30 anos a partir de 2011. 
O economista também aponta uma mudança demográfica que influenciou os preços porque mais pessoas começaram a formar novas famílias. Mas o cenário agora é outro.
— Agora estamos em um momento oposto porque naturalmente, depois de uma alta prolongada, o mercado acaba vivendo uma acomodação e os preços começam a subir menos. Além disso, existe um pessimismo grande quanto ao desempenho da economia do Brasil neste ano. 
Figueiredo também é enfático ao apontar a influência do desempenho econômico do País no setor imobiliário.
— Enquanto a economia andar de lado, os preços vão continuar andando de lado.