Você substituiria o seu crachá da empresa por um chip implantado na mão?
Por Pedro Burgos | Pedro Burgos – seg, 9 de fev de 2015
Uma espécie de incubadora tecnológica de Estocolmo, na Suécia, achou uma maneira ultra sofisticada de substituir os velhos crachás: colocar um chip embaixo da pele das 400 pessoas que frequentam o espaço. Com o implante, um pouco maior de um grão de arroz, as pessoas que usam o Epicenterpodem abrir portas, habilitar impressoras e até trocar contatos.
Parece assustador? Do futuro? Aparentemente isso é uma tendência na Suécia. Hannes Sjöblad, fundador da BioNyfiken, uma “associação de biohacker” (isso já existe) do país, disse que a prática já é comum em academias e escolas de Estocolmo, e há até espécies de “festas” onde diversas pessoas fazem seus implantes, segundo a reportagem da Computerworld. Pelo menos os implantes são optativos, e inclusive são pagos pelas pessoas que resolvem fazê-lo – custa o equivalente a 300 dólares, e parece doer “como uma vacina” na aplicação. Depois o corpo assimila, apesar de um calombinho ser visível. Os chips têm uma vida útil de pelo menos 10 anos, mas podem ser extraídos (e atualizados) antes disso.
A tecnologia RFID, presente nos implantes, só fica ativa quando em contato com um receptor. Ou seja: é exatamente como ter um crachá a todo tempo, e por isso a implementação de leitores de implantes não é tão complexa como, digamos, uma máquina para identificar digitais ou a íris.
(Para ver a tecnologia em ação, assista a esse programa da NBC da semana passada)
Até agora, a única grande “vantagem” do implante é ajudar pessoas que não tem um crachá a abrirem portas de todos os tipos. É mais fácil que lembrar senhas e levar cartões magnéticos, mas será que vale? Pra começar, há questões de segurança importantes: golpistas poderiam espalhar falsos leitores de RFID e coletar os dados de identificação de uma pessoa, criando chips clonados, por exemplo. As tecnologias que usam o NFC, como o Google Wallet e Apple Pay precisam de alguma confirmação, como senha ou digitais. O chip debaixo da pele é mais vulnerável.
Os entusiastas da tecnologia acreditam que ela pode ser usada, por exemplo, em escolas – para saber onde as crianças estão. Outro uso possível seria na medicina: quando um paciente chegasse na emergência, por exemplo, o médico poderia escanear a mão chipada e saber todo o seu histórico. Parece tentador. Mas acho que há tecnologias melhores, mais seguras e menos intrusivas para isso.
A gente já troca privacidade por conveniência em diversos aplicativos do nosso smartphone – como mandar para o Google a nossa localização em troca de um mapa melhor. Mas acho que isso seria ir um pouco longe demais. Ou, pelo contrário, esse é só o primeiro passo do nosso futuro ciborgue.